quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Mudanças climáticas em Plutão

Polo norte derretendo, polo sul congelando, emissão descontrolada de metano, um poderoso gás-estufa. Tópicos para a próxima reunião sobre clima das Nações Unidas? Roteiro de 2013, a sequência de 2012? O fim dos tempos? Que nada, mudanças climáticas absolutamente normais. Em Plutão!

Plutão, o planeta-anão da discórdia entre os atrônomos que fazem a classificação dos astros no Sistema Solar, tem características bem peculiares. Bom, até por isso há tanta polêmica. Tem uma órbita muito alongada em um dos eixos, tanto que sua distância até o Sol varia de 4,4 bilhões a 7,4 bilhões de km, e muito inclinada em relação aos outros planetas do Sistema Solar. Sua órbita tem 248 anos de período e, atualmente, Plutão está se afastando do Sol. Esse movimento, combinado à alta inclinação na órbita, está promovendo diferenças no padrão de iluminação do planeta-anão. E isso tem consequências diretas sobre seu clima.

Observações na Terra entre 1998 e 2002 mostram que a massa da atmosfera dobrou neste período. Isso se deve, talvez, à evaporação de gelo de nitrogênio da superfície. Comparando as fotos tiradas pelo Hubble em 1994 com as de 2002 e 2003, astrônomos encontraram evidências de que o polo norte está mais brilhante e o polo sul escureceu. Mau tempo? Longe disso, a atmosfera de Plutão é rarefeita demais para criar nuvens. Esses efeitos são decorrentes de processos bem complexos ocorrendo na superfície.

Agora o Hubble tirou mais fotos, que estão deixando todos intrigados. Plutão se tornou significamente mais vermelho desde que o polo norte passou a ser mais iluminado. O gelo do norte está evaporando e volta a congelar no sul.

Agora o telescópio espacial apresenta as imagens mais nítidas já obtidas de Plutão. Nelas, os detalhes da superfície têm algumas centenas de quilômetros de extensão, muito pouco para estudos geológicos, mas o suficiente para testemunhar as mudanças na superfície.

As novas imagens mostram uma superfície de aparência complexa, com terrenos variando de cor desde o branco até o negro, com vários trechos de coloração alaranjada. As matizes todas parecem ser fruto da ação da radiação ultravioleta quebrando as moléculas de metano, presente na superfície de Plutão. A mais notável estrutura observada nessas novas imagens é uma mancha brilhante com uma abundância de gelo de monóxido de carbono fora do normal. A mancha já foi eleita como um dos alvos prioritários da missão New Horizons, atualmente a caminho de Plutão.

Até que a New Horizons chegue lá, em 2015, essas serão as melhores imagens disponíveis. Foram obtidas pela câmera WFPC3 e passaram por um processo de melhoramento que necessitou de 20 computadores trabalhando contínua e simultaneamente.

Postado por Cássio Barbosa
http://colunas.g1.com.br/observatoriog1/

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