quinta-feira, 6 de junho de 2013

Supertelescópio em deserto do Chile descobre 'fábrica' de cometas

Alma identificou fenômeno ao ver 'armadilha' de poeira em volta de estrela.
Região fica a 400 anos-luz da Terra, na constelação do Serpentário.

Do G1, em São Paulo
Concepção artística mostra 'armadilha' de poeira no sistema Oph-IRS 48 (Foto: ESO/L. Calçada) 
Concepção artística mostra 'armadilha' de poeira no sistema Oph-IRS 48 (Foto: ESO/L. Calçada)
 
O supertelescópio Alma (sigla de Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), instalado no Deserto do Atacama, no Chile, identificou pela primeira vez uma "fábrica" de cometas ao observar uma "armadilha" de poeira ao redor de uma estrela jovem, a 400 anos-luz da Terra.

Os resultados do estudo, coordenado pelo Observatório de Leiden, na Holanda – e com participação de institutos e universidades dos EUA, Chile, Alemanha, Irlanda e China –, serão publicados na revista "Science" desta sexta-feira (7), e estão antecipados online nesta quinta (6). Os registros foram feitos quando o Alma ainda estava sendo construído – a inauguração ocorreu em março.

Esta é a primeira vez que uma armadilha de poeira do tipo é claramente observada e reproduzida – até agora, não havia provas concretas de que elas realmente existissem.

A estrela identificada no sistema Oph-IRS 48, na constelação do Serpentário, é rodeada por um anel de gás com um buraco central, provavelmente criado por um planeta invisível ou uma estrela companheira.

A armadilha, localizada no redemoinho de gás do disco, funciona como um "porto seguro" para favorecer o crescimento de partículas de poeira, que começam como grãos milimétricos que vão se colidindo e aglutinando, até atingir a dimensão de cascalhos ou pedregulhos de um metro de comprimento, capazes de formar cometas.

Essa cilada tem um tempo de vida médio de centenas de milhares de anos – apesar disso, mesmo quando perde sua função, a poeira acumulada leva milhões de anos para se dispersar.

Segundo os autores, liderados pela cientista Nienke van der Marel, a descoberta soluciona um mistério de longa data sobre a formação dos planetas, pois ajuda a explicar como as partículas de poeiras nos discos estelares crescem até atingir o tamanho suficiente para formar cometas, planetas e outros corpos rochosos.

Há tempos, os cientistas sabem que há inúmeros planetas orbitando em torno de estrelas, mas o que eles ainda não compreendem muito bem é como esses corpos se formaram.

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