sábado, 14 de dezembro de 2013

Sonda espacial chinesa pousa na Lua

Pouso controlado foi o primeiro desde 1976.
Ela leva um equipamento de exploração teleguiado.

Do G1, em São Paulo
 

Imagem feita pelo módulo chinês Chang'e-3 mostra a superfície da Lua logo antes do pouso (Foto: AFP) 
Imagem feita pela sonda chinesa Chang'e 3 mostra a superfície da Lua logo antes do pouso
 (Foto: AFP)
 
A sonda não tripulada chinesa Chang’e 3 pousou neste sábado (14) na cratera lunar Sinus Iridum, anunciou a agência estatal chinesa Xinhua. O pouso controlado foi o primeiro desde 1976. Com a aterrissagem, a China se torna o terceiro país a conseguir pousar uma nave na lua, junto a Estados Unidos e União Soviética.

A sonda Chang'e 3, que recebeu o nome em homenagem a uma deusa da mitologia chinesa, carrega um veículo movido a energia solar chamado Yutu (ou Coelho de Jade, numa tradução livre), que irá fazer escavações e pesquisas geológicas.

A China tem aumentado suas ambições quanto aos programas espaciais para fins militares, comerciais e científicos.

A Chang E3, lançado da base aérea de Xichang no último dia 2 de dezembro, e que orbitava a uma velocidade de 1,7 quilômetros por segundo, começou a desacelerar quando se encontrava a 15 quilômetros da superfície lunar e pousou com sucesso às 11h12 (de Brasília).

A bordo do foguete Long March 3B está o veículo de exploração teleguiado chamado "Coelho de Jade". O novo equipamento tem painéis solares para obter energia, realizará análises científicas e enviará à Terra imagens em três dimensões.

A sonda funcionará durante três meses e poderá se deslocar a velocidade máxima de 200 metros por hora.


Em Pequim, cientistas chineses celebram o sucesso do pouso na Lua (Foto: AFP/CCTV) 
Em Pequim, cientistas chineses celebram o sucesso do pouso na Lua (Foto: AFP/CCTV)
 

Após perda de satélite, programa espacial mira próximos objetivos

Brasil tem como meta a produção do Cbers-4 e do VLS em 2014, diz AEB.
Falha em foguete chinês levou à destruição do Cbers-3, na última 2ª feira.

Eduardo Carvalho Do G1, em São Paulo

Imagem divulgada pela Reuters mostra peça que caiu do foguete Longa Marcha 4B, veículo que levou o satélite Cbers-3 ao espaço (Foto: Reuters/Stringer) 
Imagem divulgada pela Reuters mostra peça que caiu do foguete Longa Marcha 4B, veículo que levou o satélite Cbers-3 ao espaço (Foto: Reuters/Stringer)
 
 
Após a falha no lançamento do Cbers-3, quarto satélite feito em parceria por cientistas do Brasil e da China, o adiantamento da produção do Cbers-4 para o primeiro semestre de 2015, em vez de 2016, e a conclusão do foguete lançador brasileiro, o VLS, serão os carros-chefes do Programa Espacial Brasileiro.

O Cbers-3 foi lançado na última segunda-feira (9), mas uma falha em um dos estágios do foguete chinês Longa Marcha 4B prejudicou o equipamento, que não alcançou velocidade e altura suficientes para orbitar a Terra e, por isso, retornou ao planeta e foi destruído ao entrar na atmosfera – uma perda de R$ 160 milhões para o Brasil.

Segundo especialistas ouvidos pelo G1, a imagem do programa espacial nacional não ficou manchada após o episódio. “Foi fortuito. Dizer que [a falha] não afeta o programa é incorreto, porque estávamos com grande expectativa. Mas precisamos estar preparados para isso. É um problema a ser contornado e o programa brasileiro não se restringe apenas ao acordo com a China”, explica Petrônio Noronha de Souza, diretor da Agência Espacial Brasileira (AEB).
 
Metas a cumprir
Noronha explica que a antecipação do Cbers-4, que será feito no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o cumprimento de duas etapas consideradas importantes dentro do cronograma do VLS-1 se tornaram prioridades em 2014.

A montagem e funcionamento do modelo elétrico, que é a reprodução fiel do foguete, mas sem o combustível, está prevista para o segundo semestre do ano que vem, além da certificação comercial do sistema de navegação do foguete. As metas "vão abrir caminho para que o VLS seja completado”, diz o diretor.

Os projetos serão realizados com a verba repassada pelo governo à AEB. A previsão para 2014 é de orçamento de R$ 295 milhões, valor apresentado na Lei Orçamentária Anual que ainda segue em discussão no Congresso.
 Satélite CBERS (Foto: Editoria de Arte/G1)
 
Dinheiro insuficiente
Em 2013, o montante destinado ao desenvolvimento do lançador de foguetes e a produção e pesquisa de novos satélites no Inpe foi de R$ 345 milhões.

Comparativamente, o dinheiro destinado em 2013 à agência espacial americana, a Nasa, principal hub aeroespacial do planeta, foi de R$ 41,2 bilhões. A agência chinesa, que vem ganhando destaque nos últimos tempos com megaprojetos, como uma estação espacial própria, investiu neste ano o montante de R$ 4,6 bilhões.

A Índia, outro país que luta para combater a pobreza ao mesmo tempo em que almeja consolidar-se como potência global, investiu R$ 2 bilhões em seu programa espacial.

“Os R$ 295 milhões são suficientes? Não são. Mas é uma negociação integrada a outras prioridades do governo. A AEB entende que suas aspirações devem ser conciliadas a outras prioridades nacionais”, explica o diretor da agência.

Para Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro, a falta de vontade política, o desconhecimento do corpo político do país e da sociedade em geral sobre a importância do setor de tecnologia aeroespacial atrasa o crescimento deste setor.

“O Brasil está, de novo, perdendo o trem da história. Temos milhares de pessoas tentando fazer um programa espacial melhor”, explica o astronauta, que, segundo ele, quer voltar ao espaço em breve.
 
'Ainda não há progresso'
Aydano Carleial, presidente da Associação Aeroespacial Brasileira, concorda que o programa não é afetado devido ao problema com o Cbers-3, mas ressalta que "há coisas que não progrediram como deveriam".

"A partir do erro se progride, mas não vemos ainda um progresso", disse ele referindo-se a outros problemas que afetaram o programa, como a explosão do VLS na base de Alcântara (RN), em 2003, que matou 21 técnicos. "Deveria ter sido feita uma reorganização do programa de lançadores, não só criando novas ideias, mas analisando profundamente esse mercado, sua tecnologia e os tipos de propulsão.

Ele cita ainda como exemplo a necessidade de abrir para a sociedade a discussão sobre o que é e será feito neste setor e alega falta de participação da academia no desenvolvimento aeroespacial nacional.

"É preciso ter uma vontade maior do governo para profissionalizar essa questão, de forma que, se queremos fazer um foguete, imediatamente haverá um debate e comparação com o que é feito em outros países. Não pode haver um programa em segredo", avalia Carleial.


Satélite Cbers-3 durante testes no Laboratório de Integração e Testes (LIT) em São José dos Campos (SP). Equipamento está na China e deve ser lançado em novembro deste ano, de acordo com a AEB. (Foto: Divulgação/Inpe) 
Satélite Cbers-3 durante testes no Laboratório de Integração e Testes (LIT) em São José dos Campos (SP), antes de ser mandado para a China, de onde foi lançado esta semana.  (Foto: Divulgação/Inpe)
 

Primeiro veículo lunar chinês deve pousar na Lua neste sábado

Nave fará pouso 12 dias após o lançamento do foguete Grande Marcha-3B.
Nome do veículo lunar é 'Coelho de Jade', referência à mitologia chinesa.

Da AFP

 

Bandeira chinesa é vista em frente à lua na Praça Tiananmen, em Pequim, nesta sexta-feira (13); veículo lunar chinês deve pousar na Lua neste sábado. (Foto: AFP Photo/Mark Ralston) 
Bandeira chinesa é vista em frente à lua na Praça Tiananmen, em Pequim, nesta sexta-feira (13); veículo lunar chinês deve pousar na Lua neste sábado. (Foto: AFP Photo/Mark Ralston)
 

Um módulo espacial que transporta o primeiro veículo lunar chinês tem previsão de pousar na Lua neste sábado (14), indicaram as autoridades, que descrevem a manobra como a mais importante da missão.

A nave espacial fará o pouso na Lua 12 dias depois que a missão Chang'e-3 lançou o foguete Grande Marcha-3B da base de lançamentos de satélites de Xichang (sudoeste).

O nome do veículo lunar é "Coelho de Jade" ou "Yutu" em chinês, uma referência à mitologia chinesa. 

Segundo a lenda, um coelho vive na Lua, onde tritura o elixir da imortalidade em suas crateras. O animal lendário tem a companhia de Chang'e, a deusa chinesa da Lua.

Com a missão Chang'e-3, a China deve fazer seu primeiro pouso na Lua, como parte de um ambicioso programa marcado pelo sucesso de duas sondas lunares precedentes.

As sondas Chang'e-1 (lançada em outubro de 2007) e Chang'e 2 (em outubro de 2010) permitiram, uma vez postas em órbita, fazer observações detalhadas da Lua.

O programa espacial chinês é chefiado por militares. Além de garantir o status de grande potência, a China sonha em se tornar o primeiro país asiático a enviar um homem à Lua.


 Foto de arquivo tirada em 5 de novembro mostra o modelo de veículo lunar chamado 'Coelho de Jade', que será depositado na Lua por sonda.  (Foto: AFP Photo/Peter Parks) Foto de arquivo tirada em 5 de novembro mostra o
modelo de veículo lunar chamado 'Coelho de Jade'.
(Foto: AFP Photo/Peter Parks)
 
O "Coelho de Jade", equipado com painéis solares para gerar sua energia, fará análises científicas e enviará para a Terra imagens tridimensionais de seu satélite natural.

O veículo, com peso de 120 quilos, pousará na Baía dos Arco-íris, um território ainda inexplorado do satélite, informou a administração espacial chinesa. Esta região oferece condições favoráveis, tanto por sua exposição ao sol quanto pela comunicação com a Terra.

O veículo lunar funcionará durante três meses e poderá se deslocar a uma velocidade máxima de 200 metros por hora. A conquista do espaço é percebida na China, que investe bilhões de dólares ao setor, como o símbolo do novo poder do país e das ambições do Partido Comunista (PCC) no poder.

As autoridades têm planos ambiciosos, como criar uma estação espacial permanente em 2020 e eventualmente enviar um ser humano à Lua, mas sua tecnologia atualmente carece da precisão que Rússia e Estados Unidos têm.

Ouyang Ziyuan, chefe do projeto de jipe lunar, declarou à Xinhua que as crenças antigas se baseavam nas marcas deixadas por impactos na paisagem lunar. "Há várias manchas negras na superfície da Lua, nossos povos antigos imaginaram que se tratava de um palácio lunar, de árvores e de um coelho de jade", disse.

"Yutu é um símbolo de bondade, pureza e agilidade, e é idêntico ao jipe, tanto em atitude quanto em conotação", afirmou Li Bengzheng, vice-comandante em chefe do programa lunar chinês, segundo a agência oficial. "Yutu também reflete o uso pacífico do espaço pela China", acrescentou Li.

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