sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Telescópios flagram buraco negro engolindo estrela e formando disco


Do G1, em São Paulo
Um estudo da Nasa publicado nesta quinta-feira (22) conseguiu obter informações sem precedentes da destruição de um estrela engolida por um buraco negro. A observação de raios-X mais detalhada feita até hoje de revela o que acontece com a matéria do astro ao ser devorado, e foi reconstituida na forma de uma animação.
O cataclismo intergaláctico relatado no estudo ocorreu em 22 de novembro de 2014, em uma estrela na galáxia PGC043234, a 295 milhões de anos-luz -- não muito distante em termos cósmicos. Foi a primeira fez que um fenômeno dessa magnitude foi observado numa galáxia tão próxima em décadas recentes, quando já existiam instrumentos capazes de estudá-lo.
O clarão que acendeu o alarmo dos cientistas foi revelado pelo programa Asas-SN, da Universidade Estadual de Ohio, que mantém um esquema de varredura do céu em busca de eventos extremos. Assim que detectou o fenômeno, o telescópio alertou a Nasa, que observou o que ocorria em telescópios de raios X e gama.
Segundo os cientistas, o que ocorreu com a estrela em questão é que ela foi destruida pelo buraco negro por meio de efeitos gravitacionais chamados de perturbações de maré. O monstro cósmico em questão fica no centro de sua galáxia, mas é menor que o buraco negro de nossa galáxia, a Via Láctea.
Perturbações de maré
"O buraco negro rasga a estrela e começa a engolir material rapidamente", afirmou Jelle Kaastra, do Instituto de Pesquisa Espacial da Holanda, um dos coautores do trabalho, em comunicado à imprensa. "O buraco negro não consegue manter o ritmo, então expele parte do material para fora."

Esse material, conforme já se previa em teoria, acaba se distribuindo na forma de disco de gás ultra aquecido que orbita o o buraco negro. A alta temperatura do gás observado agora, indica que parte dessa matéria está no limite de passar do horizonte de eventos, a fronteira a partir da qual não se pode mais escapar de um buraco negro.
Os telescópios Chandra, Swift e XMM-Newton, da Nasa, não tiveram poder de resolução suficiente para enxergar a estrutura formada pela destruição da estrela. Conseguiram, porém, obter dados de luminosidade e padrões de frequência com detalhes suficientes para os cientistas reconstruírem o cenário. A partir dessa ideia foi feita a animação acima.
Segundo os cientistas, o estudo de mais eventos como esse deverá permitir a elaboração de cenários mais precisos sobre o que ocorre quando buracos negros engolem estrelas. O estudo sobre o evento em PGC043234 está na edição desta semana da revista "Nature".
www.g1.globo.com

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